EXISTIRMOS


Abro as cortinas pela manhã
E o sol que invade e toca a pele
Me toma num abraço apertado
Lembrete de vida latente
E ao colocar os pés para fora do portão
Sinto a brisa leve acariciando o rosto
Como uma benção.
Cada detalhe pelo caminho,
Cada rosto e cada bom dia
Me reafirmam que tudo está conectado.
Olhares como bluetooth
Corações e mentes em sintonia
Tudo em conjunto trazendo o sentido
Como os acordes que postos em sequência
Se pronunciam em forma de música
Observando ao redor
Me lembro como tudo é arte
Tudo é vida
Tudo importa.
Existir é ato coletivo
E que bom que podemos nos dar as mãos
De novo
De fato.

2020


Um ano louco, pesado e difícil e nós “só” estamos em abril.
O mundo parou - pra alguns -
Para outros, só uma batalha ainda mais explícita pela vida
A verdade é que o tanto que sabemos
Pode ainda assim não ser suficiente
Nunca é tarde para se entender a nossa pequenez
Dentre todos os mistérios do mundo...
Tecido fino a vida, refinada e frágil
E essa roleta russa tá menos viciada que o comum
A gente abre a janela pra deixar a luz entrar e o céu azul tem um toque de blues
Melancólicos dias ensolarados
Quem diria que essa frase faria sentido um dia?
Não é fácil criar
Já que o ócio não é tempo de sobra mais
São horas pra reinventar a sobrevivência
E nisso já vai energia demais
Tem horas que a inspiração e o sopro de vida vem
Tipo uma supernova e recolho os fragmentos de luz dessa explosão
Pra iluminar os momentos em que aqui dentro é só um apagão.

FIOS SOLTOS

Fios soltos que não conectam a cena
Tô tão confusa e tenho medo
Já nem sei se sou a mesma peça
Pra encaixar nesse quebra-cabeça

RENDA

Renda
Pele
Sol
E Textura
Toca o peito
Arde, cura
Estampa minha pele
Minh’alma nua